Está cada vez mais na moda ser o que se é, assumir o que se é. Paga-se o preço por isso, mas pela conversa que tive com ela e pelas páginas que já li de seu livro, ficou a certeza de que o preço por não se assumir as rédeas do próprio destino pode ser muito maior.
O que Gabriela Leite fez com seu livro, escolhendo este título e colocando seu próprio rosto na capa, não foi diferente de tudo o que fez ao longo de toda a sua trajetória. Tendo saído de uma família de classe média, e de um curso de filosofia na USP, ela decidiu seguir o caminho da prostituição e foi feliz.
Ela pagou o preço por ser o que é, cresceu, aprendeu. Hoje se diz prostituta aposentada (sem aposentadoria), e luta pelo direito da classe. Em seu livro e em seu discurso, ela revela um carinho imenso pelos homens, e diz que ao longo de sua carreira sempre recebeu o retorno desse carinho.
Conhecê-la é fascinante, pois ela uma pessoa que se fez, não é em absoluto o subproduto dos ambientes onde se criou e onde decidiu viver. Trata-se de uma pessoa que transitou por muitos meios e absorveu o melhor de todos eles, assumindo total responsabilidade por suas escolhas. Uma pessoa muito culta, que discute Machado de Assis, Erico Veríssimo, e sexualidade com desenvoltura e opiniões seguras e próprias. Está aí para acabar com o preconceito de muita gente.
E é uma boa escritora, que começou com um livro autobiográfico (o que é algo muito difícil de se fazer) e, espero, tenha muitas outras boas histórias para contar.
1 comentários:
Já acabei de ler o livro e é excelente. É uma história de Cinderela do século XXI. E, como todos os contos de fada têm moral da história, a moral da história deste livro e da história de Gabriela é que o preconceito não está com nada. Indico.
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