quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Contos de Belkin - Алекса́ндр Пу́шкин

Os russos. Ah, os russos e seus contos de efeito. Temos neste pequenino volume de Alexander Pushkin (Алекса́ндр Пу́шкин, para os mais íntimos com a língua russa) uma verdadeira jóia exemplar. Tive o prazer de ler essa coleção de cinco contos em novembro de 2003 e reli agora, em novembro de 2009. Escritas no século XIX por um autor em quarentena devido a uma epidemia de cólera, as narrativas têm enredos trágicos mas são escritas em tom irônico – algumas com um delicioso toque farsesco.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Pequenas fábulas urbanas #4 – O principezinho tirana

m uma ilha do oceano atlântico, onde resiste um dos últimos reinados deste nosso mundo prá lá de globalizado – no qual a Coca-cola já chegou à China, e a coca e a cola já chegaram a praticamente todos os lugares –, nesta ilha vivia um principezinho que era uma verdadeira tinhosa. Isso quem dizia eram os seus companheiros de escola e de noitada, toda vez que eles saíam juntos para barbarizar. E eles saíam freqüentemente, tipo todo o final de semana. Uma verdadeira loucurinha nos bares e boates gays. Mas eram sempre escoltados por seguranças paisanos da guarda imperial, que fechavam as casas noturnas e intimidavam ou compravam eventuais curiosos, para que o principezinho surubasse em paz e com relativa privacidade. Até que um dia ocorreu o inevitável: um paparazzo conseguiu clicar o principezinho em diversas poses para lá de provocantes. A fotos incluiam arretos com direito a chupão no peito e passada de mão pelos países baixos dos amigos de noitada, que há muito tempo já haviam virado democracias populares. Aquilo foi impresso em edição extra nos jornais da imprensa marrom no dia seguinte e atiçou o movimento GLBT. A história acabou com o principezinho virando não só de bruços, mas virando o rei daquele país. Melhor dizendo, não apenas rei daquele país, como também o rei do mundo homossexual unido. Leia-se: imperador de no mínimo três quartos do mundo sexualmente assumido e sadio. A rainha, que no princípio havia posado de chocada, desempenhando protocolarmente o seu papel, acabou se declarando muito orgulhosa de seu filho, que sabia como ninguém acompanhar os tempos modernos, garantindo assim que a monarquia encontrasse seu território no mundo globalizado. Pagou para ele uma sessão de fotos com Terry Richardson que virou best seller e aqui acaba nossa história. Procure no Google e você encontrará as fotos das quais estou falando. Quando ao príncipe, ele continua reinando e fervendo mais do que nunca, enquanto balança suas tranças livremente no submundo. Uma verdadeira rainha do sexo.

A casa dos budas ditosos

Se alguém me perguntasse como eu demorei tanto para ler este livro de João Ubaldo Ribeiro, lançado em 1999, eu não saberia responder ao certo. Talvez seja porque o livro fez tanto sucesso na época, integrando a série Plenos Pecados. Na época, li Xadrez, truco e outras guerras, de José Roberto Torero, e não achei o bixo. Também tinha uma peça de Fernanda Torres, que infelizmente perdi. Creio que ela vá retomar futuramente, pois o texto é impagável.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Katharina & Sebastião [conto]

“Triste é partir sem data para regressar.

Ainda mais triste é o regresso, quando não há ninguém à espera.

E acontece que a vida é uma grande viagem, para a qual não se tem data marcada, na qual a esperança de que alguém fique à espera acaba sendo uma esperança só. Ou a desesperança de quem não pôde esperar mais.”

Bonito, isso.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Billy Budd and Other Stories - Melville

Esta edição inclui o excelente conto Bartleby, o escriturário. O prefácio é muito bem escrito por Frederick Busch, com notas esclarecedoras sobre sua vida e sua relação com Nathaniel Hawthorne. O volume é uma ótima opção para se conhecer o trabalho do mestre Melville, em especial os contos e novelas. Ganhei a edição da Penguin Books para o mercado britânico de meu cunhado Lawrence há anos atrás e estou lendo pela segunda vez. Também existe versão para o Kindle. É um dos grandes livros de contos em língua inglesa.

domingo, 15 de novembro de 2009

55ª Feira do livro de Porto Alegre - Balanço

A Feira do Livro de Porto Alegre encerrou suas atividades em meio a polêmica acerca da diminuição na venda de unidades de livros. Alguns argumentam que, com o advento dos e-readers e da crescente indiferença das novas gerações em relação à literatura tradicional, ela está fadada a acabar em cerca de dez anos. Os números mostrariam isso. Outros afirmam que os livros realmente interessantes não são encontrados nas barracas da feira pelos verdadeiros leitores. Ambos estão certos, de alguma forma. O certo é que a Feira do Livro de Porto Alegre segue sendo um evento muito mais cultural do que de mercado – e isso é fascinante. Está aí o caminho para que ela não acabe jamais.