Fernando Mantelli tem um vocabulário próprio, não só de palavras, mas de elementos narrativos, que unem todo o livro. Não digo que seja uma leitura das mais prazerosas: para ler precisa-se de estômago. Mas quem disse que a literatura está aí só para dar esse leve tipo de prazer que as pessoas esperam? Quem inventou isso de a arte ser apenas entretenimento? Raiva nos raios de sol me proporcionou não apenas entretenimento, mas reflexão e fruição estética e lingüística.
Ouvi comparações com Dalton Trevisan e Rubem Fonseca, mas sou grande apreciador/conhecedor desses dois escritores e este paralelo me pareceu um pouco simplista demais. É como dizer que qualquer história de vampiro com putaria escrita em linguagem moderna seja imitação de Dalton e que qualquer história de violência escrita com bom ritmo seja mimetização de Fonseca. Não, né?
Além do livro ser ótimo, tem uma capa fantástica e um projeto gráfico muito interessante, trabalhos de Samir Machado de Machado e Guilherme Smee.
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