quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Pequenas fábulas urbanas #3 – A velhota e o cachorrinho

avia uma velhinha que morava logo ali na esquina, e que era tão puta, mas tão puta, que dava o rabo até para os cachorros. E não importava se os cãezinhos eram daqueles de rabo cortado ou não. Todos eles balançavam o rabo ou o cotoco de rabo assim que a viam. Um dia, porém, apareceu em sua porta um dálmata de coleira e tudo. E ela, que dava até para os vira-latas de rua, porque não iria dar também para aquele charmoso canino? Assim o fez e, após alguns minutos de intercurso, ficou com o nó do cachorro entalado. Meu Deus, o que fazer, o que fazer? – dizia ela angustiada e morrendo de tesão. Foi então que sua irmã gêmea chegou em casa e, ao abrir a porta exclamou. Oh, Gertrudes, que bestialidade! Ela disse, oh, minha querida irmã, me acuda. Estava eu encerando o chão quando fui carcada por esse belíssimo cão. A mana riu e tentaram desengatar de tudo quanto foi jeito. Água quente, água gelada, tração. Pensaram até em usar uma faca de churrasco, mas ficaram com pena do bichinho. Dessarte, chamaram o médico da família, que não lhes deu muita esperança. Disse que não tinha remédio a não ser esperar. Aquilo que tinha entrado, cedo ou tarde, por fim sairia. Isso aconteceu – 2 horas depois. No dia seguinte, um homem desesperado batia de porta em porta atrás de seu cão. Bateu na porta de Gertrudes e ela lhe devolveu seu pet. Do dálmata ficou apenas a lembrança e o inchaço. Aconteceu assim. Ela ainda vive ali naquela esquina que tem cheiro de creolina na calçada. Quem passa pela frente da casa pode ouvir os latidos de mais de uma dúzia de cachorros que ela junta na rua e leva para morar com ela e a irmã.

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